Um drama, sem explosões, sem pirotecnia. Um ponto sombrio da alma humana demonstrado na tela, cuspindo emoções e fazendo piadas de mau gosto com risos nervosos.
Fiz outro dia essa pesquisa pelo meu Instagram, que praticamente serve como um grupo de foco para descobrirmos sobre audiência e sobre pessoas que trabalham no Audiovisual.
As pessoas que votaram que sim, em sua maioria, são estudantes e trabalhadores do audiovisual que convivem comigo. Do contrário, a audiência daquilo que produzimos não acredita que somos capazes de produzir tamanha intensidade de história.
Eu não só acredito que somos capazes de produzir filmes tão bons quanto o Coringa, como estamos, exatamente nesse momento no Brasil, aprendendo a realizar para o mercado. É essa minha premissa de vida profissional e até mesmo dos empreendimentos como do Scriptoria. Assim como é a de dezenas de outros realizadores como o Guto Aeraphe e o Flávio Langoni.
Isso citando pessoas que eu conheço, convivo e trabalho. Haverá a mudança do audiovisual brasileiro, assim como está acontecendo com a responsabilidade sobre a qualidade do que é produzido.
O que foi comentado nessa enquete?
O clássico "Pq filmes em português é ruim demais rsrs" veio como piada e como um pré-conceito.
E eu defendo que tenhamos preconceito para com várias coisas. É uma forma primária de defesa. Quantos filmes com qualidade duvidosa, narratologia parca, personagens como Papaco e o Incrível Homem de Itu não nos envergonham de ser o cinemão brasileiro?
Porém, os Capitão Nascimento da vida e o Edinho de a Irmandade, O Doutrinador podem nos provar o contrário. (não levando em consideração a bandidolatria)
Uma opinião de um ex profissional da área, que migrou para o sistema bancário foi bem mais assertiva, e nos vale levar em consideração:
"Não vejo ninguém interessado em grandes produções. Vejo que essas mega produções e roteiros ainda são 'terceirizados'* para outros mercados fazerem. Não surgiu ninguém para quebrar a regra" *(entende-se mercado americano)
Aqui já se atesta que há fuga de cérebros brasileiros para o exterior, principalmente para o mercado de produção americano.
Dos meus alunos de computação gráfica, aqueles que são ligados à modelagem em 3D e animação dentro dessa técnica, não só querem, como estão com projetos reais de se mudarem para os EUA e Canadá... Fuga de talentos.
"Poderia sim, imagina o remaster (Remake) de o bandido da luz veremelha nos moldes do coringa. (...) Eu acredito que o cinema brasileiro precisa pensar mais no público" (SIC)
Alguém citou que temos personagens com perturbações mentais e dramas internos que poderiam ter lotado todos os cinemas nacionais. Mas, de alguma forma não fazemos.
"O Brasil não tem capacidade pra uma produção dessas e pronto!"
Admito que esse é daqueles comentários que deveria imprimir e colocar no meu escritório. Não há, em nenhum momento da produção de O Coringa um único detalhe técnico e artístico que não sejamos capazes de realizar.
Não é questão de capacidade mais. É questão de escolha estética e conteúdo.
Abaixo o Novo Neo-realismo
Sabe aquelas frases do Caco Antibes "tenho horror a pobre", pois é essa a percepção do grande público brasileiro.
Não estou nem falando dos roteiros sofríveis e imaturos, feitos por um único indivíduo que são antiplots, personagens passivos, sem causa e consequência e etc... desenvolvidos para agradar somente a mãe dos realizadores.
Arthur Fleck é um pobretão. Passa fome e mora em um "muquifo" em Nova York. Cenas urbanas de lugares sujos, feios, sombrios. É um drama humano.
Drama humano!
Toda a trama nasce de dentro do personagem, dos seus conflitos, de suas características como Afeto Pseudobulbar, traumas infantis de abuso sexual e afins... Não está no filme as preocupações político-sociais para que as pessoas se interessem pelo problema social.
Não é para mostrar Problema Social. Se é isso seu mote de vida, vá fazer jornalismo. O cinemão precisa de Entretenimento. E O Coringa mostra exatamente isso.
ENTRETENIMENTO!
Fala de problemas humanos, dramas humanos, faz até um ode à bandidolatria... mas com os DOIS PÉS dentro da premissa de Entretenimento.
O Coringa brasileiro está sendo preparado. Longe do Novo Neo-realismo e dos filmes de favela com acelerações e tiros de Matrix. É outra pegada, com outras premissas.
Aos 42% das pessoas que acreditam que podemos produzir um filme como JOKER, vocês estão certos e estão exatamente no momento correto para realizar tal feito. Não é fazermos o último filme brasileiro de cinema americano. Mas, o filme brasileiro que nasça do entretenimento, com comunicabilidade com o mercado e que a história seja dos Personagens para o público, sem teses socialescas.
Bem vindos ao Novo Cinema de Entretenimento Brasileiro.
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