Assina aqui para eu ter certeza que você não vai me roubar?
"Começe dessa forma com um produtor que voçê vai longe (SIC)."
Não peça um produtor para assinar NDAs, termos de confidencialidades e afins. As ideias precisam circular para que elas sejam produzidas.
Nem seu roteiro, e nem você, é tão especial a ponto de pessoas que estão há tanto tempo na indústria terem que assinar um termo para terem acesso. Não é assim que funciona.
Se você chegar com essa mentalidade, certamente, o que vai acontecer é: você não será lido, ou considerado. O produtor vai para o próximo projeto e "Tchau, querida!".
Não burocratize as coisas onde o respeito mútuo precisa acontecer.
Confie nas pessoas até o ponto que elas provarem que não são de confianças. Ancore suas experiências no mundo concreto e real e não em assombrações de que suas ideias serão roubadas.
Infelizmente eu tenho um amigo que por depressão profunda e outras paranoias mentais enlouqueceu e vive trancado em casa com medo das pessoas roubarem suas obras musicais e poesias. Virou escravo de suas próprias fantasias de obras sem qualidade testada.
Outra história: certa vez fui com uma advogada novata na área audiovisual, mas uma decana em brigas judiciais, apresentar um formato de um programa para um executivo de um canal. Ela insistia no NDA. Eu deixei por conta dela. Ele disse que assinaria via internet. Ela considerou a boa fé na pós reunião. O sujeito não assinou nada depois da reunião. Ela ficou estarrecida com a conduta do maledicente. A minha sugestão inicial era a de enviarmos o formato por email antes da reunião e, se ela quisesse, enviaríamos o NDA em algum momento por redundância. A prova de anterioridade já estaria plantada desde antes da conversa inicial.
O executivo se mostrou não confiável e até mesmo incapaz de conduzir a criação do formato no canal que ele gerenciava. Perdeu investimento de algumas centenas de milhares de reais e a possibilidade de outros projetos e parceria que poderiam até salvar o negócio dele com novos modelos de inovação.
O NDA não garantirá nada se o filho da puta do outro lado for agir de má fé.
Isso não quer dizer que você não tem que assegurar a sua propriedade intelectual. Isso você faz assinando o documento com atestado de terceiros, via cartorial ou via blockchain, registrando na Biblioteca Nacional e até mesmo enviando por email, que é um meio auditável pela justiça.
Agora, não infantilize as relações mercadológicas. O Produtor quer encontrar a ideia mais rentável e não a mais difícil de ter acesso porque o autor se acha especial. Não é assim que as coisas funcionam.
Se você achar que foi lesado, não é a assinatura de um documento que vai te dar o ganho, mas a prova de anterioridade discutida em um tribunal.
Negócios acontecem em ambiente de legitimidade e para isso é imprescindível a confiança mútua.
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