Falei na primeira postagem nesse site sobre como Lúcifer se transformaria na mão da Netflix.
Ganhei a aposta. Nova Temporada, Nova Narratologia!
A série distribuída anteriormente via broadcast tinha em sua narratologia o caso da semana temperado pelo mundo dos ricos personagens criados por Neil Gaiman. Uma série procedural. Um episódio concluso em si por semana. Um dispositivo por episódio.
Aos poucos, da primeira à terceira temporada é possível ver a série evoluindo para um novo processo de narratologia, dando margem e presença maior para os personagens fixos e como suas perspectivas e evoluções, saindo do modelo procedural e passando para o modelo contínuo.
Agora, com a nova casa, a Netflix, percebendo a cauda longa de consumo, tendo o Brasil como um dos principais mercados da série, a forma de se contar a história mudou.
Lançados todos os episódios da 4ª Temporada hoje, dia 08 de maio, e já ter devorado alguns durante o dia, antecipei a estratégia de como estruturar a história e a forma de consumo.
Apesar de ter o "caso da semana" (sic) estampado agora no background dos episódios, é a continuidade diegética que nos mantém grudados à tela.
Os Netflix Moments, como definiu Jason Whiting (Roteirista de The Travellers) em uma conversa que tivemos, é o clímax dos episódios. Os "Inciting Incidents", como definidos por Robert Mckee, são não exatamente sobre o caso daquele episódio, mas sobre a vida dos personagens. O que realmente importa para a nova forma de estruturação da narrativa.
Lúcifer agora é uma oração para ser devorada. Antes via broadcast para ser consumida em pílulas, agora como vício, contínuo, ininterrupto, afogando os espectadores em um mundo fantástico, charmoso, luxurioso e ainda assim amável.
A 4ª Temporada vem para anunciar mais do que a queda de um anjo em um mundo de consumos desenfreados. Os Vícios de Lúcifer são a nova casa da Narratologia, que há alguns anos venho estudando e apontando em artigos e dissertação de mestrado. O broadcast é o imposto que Lúcifer teve que pagar a César para existir, porém é no Vício do Binge Watching que veremos a grandeza da evolução da história e a continuidade por muitas temporadas ainda dessa série dos Infernos.
Para saber mais:
Salve-se quem tiver ousadia
Artigo sobre Netflix salvado Lúcifer
Maratonas de vídeo e a nova forma dominante de se consumir e produzir séries de televisão
Publicação Científica
em português e em Inglês
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